1. O que é?

Apesar de o termo autismo existir desde o começo do século 20, foi somente em 1980 que o transtorno foi reconhecido pela comunidade científica e classificado como uma nova classe de alteração mental. Atualmente, a mais recente edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) traz o autismo como um espectro, isto é, uma amplitude que engloba diferentes níveis de gravidade.
Os sintomas se manifestam precocemente, ainda nos primeiros meses de vida, porém podem ser sutis. “É um transtorno do neurodesenvolvimento, possui origem biológica, compromete o funcionamento cerebral relacionado ao processamento e armazenamento dos estímulos sensoriais e linguagem verbal e não verbal, gerando prejuízo na capacidade de comunicação, imaginação e socialização”, explica o neurologista Antonio Carlos de Farias.

  1. Quais são as probabilidades da incidência do autismo?

Hoje sabe-se que o TEA (Transtorno do Espectro Autista) é mais incidente em meninos do que em meninas, e que a chance de uma criança desenvolvê-lo é de cerca de 1%.
De acordo com uma pesquisa publicada em 2014, pelo órgão norte-americano de saúde Centers for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em português), entre os anos de 2010 e 2014, em 11 estados do país, constatou-se que uma em cada 68 crianças possui o TEA, sendo quase cinco vezes mais incidente em garotos.

  1. Existe alguma fase em que o diagnóstico é mais fácil de ser feito?

Infelizmente, não. O diagnóstico de autismo ainda é algo bastante delicado, independentemente da idade do portador. Por isso, os profissionais envolvidos devem ser capacitados para chegar o mais rápido possível ao resultado.

  1. Existem graus de TEA?

Como em outros casos de transtornos neurológicos, o autismo pode aparecer em diferentes níveis. Existem desde autistas com um grau leve, apresentando a característica dificuldade em comunicar-se, até autismo em níveis mais graves que, além de uma comunicação comprometida, podem demonstrar comportamentos compulsivos e autodestrutivos.
Contudo, é importante que, antes de tomarem qualquer medida medicamentosa pensando que o filho tem um grau leve de autismo, os pais procurem especialistas para o diagnóstico multidisciplinar.

  1. Quais são as estereotipias mais comuns?

Um autista pode apresentar diversas estereotipias, isto é, comportamentos típicos de pessoas com TEA, que também podem variar entre os indivíduos. No entanto, as mais conhecidas são:

  • movimento pendular do corpo para frente e para trás;
  • flapping, palavras em inglês para se referir ao chacoalhar de mãos e braços ao lado do corpo, como se os braços fossem asas. É mais comuns em crianças e, geralmente, quando estão felizes, ansiosas ou irritadas;
  • movimentos repetidos das mãos em frente dos olhos;
  • andar com as pontas dos pés;
  • ambulação de um lado para outro aparentemente sem sentido ou propósito;
  • ecolalia, repetição de sons emitidos por outras pessoas, aparelhos etc., ou por si próprios;
  • batidas nas próprias orelhas;
  • ficar observando as próprias mãos;
  • olhar lateralizado;
  • observar um objeto fora do ângulo normal do mesmo;
  • pulos e giros sem motivo aparente.
  1. Os autistas podem desenvolver interesse específico por um único assunto?

Grande parte dos autistas apresenta, além das estereotipias, deficiência intelectual. Irritabilidade, comportamentos autolesivos, não desenvolvimento da fala ou dificuldade em comunicar-se, além de outras alterações mais comprometedoras, também podem se manifestar. Em alguns casos, mesmo com a deficiência do intelecto, a pessoa com TEA desenvolve uma grande habilidade intelectual específica, como saber exatamente qual dia da semana cai em qualquer dia do ano. “Contudo, é importante ressaltar os pontos positivos que a pessoa possui e explorar ao máximo suas capacidades, através de estímulos corretos e constantes, com abordagens multiprofissionais, que podem auxiliar no desenvolvimento da fala, socialização e comunicação, por exemplo”, afirma a psiquiatra Talita Braga. A especialista também destaca a necessidade de se estar atento ao interesse específico do autista, que pode ser utilizado para auxiliar no desenvolvimento pessoal, inclusive no aprendizado.

  1. Quais os mais recentes avanços da ciência sobre o autismo?

Os cientistas afirmam que nunca se esteve tão próximo da cura.

  • Pesquisas avançadas, como a do neurocientista brasileiro Alysson Muotri, especialista em genética e professor na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, têm combinado o estudo das alterações genéticas implicadas ao transtorno com suas consequências celulares durante o desenvolvimento dos neurônios, o que amplia as possibilidades de mapeamento do distúrbio. Além disso, a procura por novas drogas que sejam efetivas na reversão de sintomas do TEA também está bastante promissora.
  • Um trabalho publicado em 2015 pela Universidade de Londres, na Inglaterra, destacou que os sintomas do autismo podem aparecer desde cedo. Os pesquisadores notaram que uma capacidade visual apurada aos nove meses de vida do bebê já seria capaz de prever a probabilidade de a criança ser diagnosticada com TEA no futuro.
  • Já um estudo da Universidade de Missouri, também nos Estados Unidos, indicou que o contato com animais faz bem aos autistas. Após analisarem 70 famílias com filhos com TEA, notou-se que os autistas que conviviam com animais de estimação apresentavam melhores habilidades sociais.

Fonte: Ler e Saber Autismo
Ano 2, nos 2 e 3 – 2016

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