Psicólogos, orientadores educacionais e jovens que já escolheram a profissão dão dicas e sugestões valiosas que podem facilitar sua decisão.
Se você ainda não tem a menor ideia da profissão que quer seguir… relaxe. Nada mais natural do que ficar confuso quando se precisa decidir o rumo do próprio futuro. Além do mais, provavelmente, essa é a primeira escolha importante que você tem de fazer sozinho. Pesquisas, orientação vocacional, tudo isso ajuda, mas a palavra final é sua… Então, o que é mais importante para começar a se decidir? Pensar em você — sim, em você mesmo.
Reflita a respeito de seus sentimentos, interesses, gostos. Eles vão ajudá­-lo a “filtrar” as informações que você vai reunir ao pesquisar algumas profissões. Ao pensar sobre si mesmo e sobre o mundo do trabalho, você construirá bem sua escolha.
Esse caminho fará você colocar, de um lado, seus interesses, habilidades e gostos pessoais, o mercado de trabalho, as informações sobre cursos e profissões. Do outro, a pressão da família e dos amigos, a moda, os sonhos, as esperanças e as fantasias. A melhor decisão é a que levar em conta o maior número de fatores. Desconfie de uma escolha que foi feita com base em apenas um indicador. Decisões como “vou seguir tal profissão só porque tem um bom mercado” são meio caminho para o arrependimento antes mesmo de concluir o curso.
• Faça perguntas a si mesmo
Comece se observando, fazendo perguntas a si mesmo. É claro que você tem de conhecer o que acontece no mundo do trabalho, o que o profissional desta ou daquela área faz, mas… O que você tem a ver com esta ou aquela área? Para fazer um projeto de futuro, pense no que você quer ser. Não é um check list, mas uma reflexão sobre o que já viveu até agora. É quase uma volta à idade dos porquês. Pergunte­se tudo. Por que você quer fazer aquilo, por que acha que vai dar certo, o que e quem influenciou você e por quê, o que você está fazendo para conseguir ser o que está imaginando…
Outra dica: faça uma lista do que você não quer ser. Os especialistas dizem que não querer algo já é um ato de escolha. O fundamental é estar informado sobre si próprio: perceber o que você já desenvolveu até agora, em termos de características de personalidade, habilidades e interesses. Qualquer decisão envolve um ato de coragem, ou seja, assumir que a palavra final é sua.
• Examine suas habilidades
Os especialistas aconselham a não transformar suas habilidades em uma prisão — só porque você é bom em determinada disciplina, isso não quer dizer que vai gostar de fazer aquilo profissionalmente. O oposto também é verdade: não fuja de uma área que o interesse só porque tem dificuldade em alguma matéria. É um exagero você descartar um curso que o atrai só porque não é um gênio em uma disciplina que faz parte do currículo. Claro, algumas áreas exigem que você tenha aquela base, sim, e alguns cursos exigem até teste de aptidão. É difícil ser músico se não tiver “ouvido” nenhum para música, ou ser engenheiro se não suportar lidar com números. Nessa questão, a dica é uma mistura de reflexão e bom senso: pense no que você gosta, mas também no que tem habilidade para fazer.
• Ouça o coração e busque orientação
Se você fica confuso porque se inclina por profissões de áreas diferentes, saiba que isso é muito comum. Concentre­se nas profissões que primeiro lhe vêm à cabeça — e, é claro, ao coração. Então pesquise sobre elas na internet e em publicações especializadas, converse com pessoas que trabalham na área, visite uma ou duas faculdades, informe­se sobre os cursos. Quando perceber que seu coração bateu mais forte — porque se identificou com alguma atividade, viu algo com que se sentira bem, gostou da ocupação da pessoa que entrevistou —, então você tem uma pista razoavelmente segura para seguir.
Suas escolhas
Nessa hora, também vale procurar ajuda especializada. Eles não darão uma resposta mágica para você, mas podem iluminar bastante o caminho.
• Conheça todos os lados de uma profissão
É importante que você não “compre” uma imagem pré­fabricada de uma carreira. Ou seja, que não acredite em estereótipos, como a ideia de que médicos lidam com muito sangue e vivem às voltas com gente doente. Se você tem interesse por Medicina mas detesta essa parte de lidar com sangue e gente doente, é importante saber que a faculdade também abre caminho para você ser um pesquisador.
Para não acreditar em estereótipos nem se enganar, é preciso pesquisar, observar bem. E não confie em uma única fonte. O ideal é conversar com pelo menos três profissionais que atuem na área — se possível visitar o lugar onde a pessoa exerce a profissão. Nessa hora, a intuição, o sentimento em relação ao que se observa, conta pontos para a escolha vocacional e compensa a falta de experiência e maturidade.
Pesquise também com pais de amigos. Marque uma entrevista com eles no local de trabalho, peça-lhes que expliquem a você o que fazem, como é o dia­ a­ dia, o que é bom e o que é ruim na profissão. Conhecer a realidade do mercado em que se quer ingressar faz parte do processo de escolha. Quanto mais informações, melhor.
• Desconfie de antigas paixões
É comum associar algo de que se gosta a uma profissão. É aí que mora o perigo. Quem adora animais não deve, necessariamente, ser veterinário. Do mesmo modo, cursar Turismo porque você adora viajar pode não ser uma boa ideia: o profissional da área costuma trabalhar enquanto os outros viajam. Há uma diferença entre o que é carreira e o que é hobby, e é bom pensar nisso.
• Descubra o que vale mais para você: prazer ou dinheiro
Um dos pontos mais importantes na hora de escolher uma profissão é procurar algo próximo daquilo que faz você se sentir bem. Mas e a grana? Quem considera o sucesso financeiro fundamental deve, sim, procurar uma profissão que o leve a isso. Mas precisa tomar cuidado: escolher só porque o mercado está favorável hoje, pode ser uma fria. Uma escolha vocacional não deve acontecer por causa da grande quantidade de empregos, porque, afinal, a gente precisa de um só. Além disso, daqui a cinco ou seis anos, quando você estiver formado, tudo pode estar diferente. Então é bom pesquisar as tendências para o futuro próximo. E ficar atento a elas durante o curso: se algo mudar, você pode alterar sua rota a tempo, escolhendo, por exemplo, uma especialização mais promissora.
• Aprenda a lidar com a influência dos pais
A relação familiar pode pesar na hora da decisão. Os especialistas lembram que, se você escolher só porque seu pai deseja — ou só porque ele não deseja —, estará fazendo uma opção ruim. Afinal, para alegrá­-lo ou mesmo para contrariá­lo, você pode acabar fazendo algo que não quer.
A dica dos especialistas é: esse é o momento de colocar todos os fatores de influência no papel e ficar consciente do quanto eles pesam. É preciso conversar com os pais, ouvir sua opinião e ponderar sobre ela, lembrando sempre que a decisão final é sua. E se eles parecerem inflexíveis no desejo de escolher uma profissão por você, procure reunir o máximo de informações para argumentar com eles. Se eles sentirem que você conhece bem a profissão que escolheu, sabe como é o mercado e tem certeza de que suas características pessoais combinam com ela, vão aceitar mais facilmente sua opção.
• E se você escolher errado?
Caso você entre e descubra no meio do curso que detesta aquilo, não se preocupe. Isso é muito mais comum do que se pensa. Segundo a Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, 43% dos alunos da Universidade de São Paulo (USP) desistem do curso no primeiro ano. Muitas das desistências são causadas pelo desconhecimento não só da profissão, mas também do curso em si. Por isso, é importante estar informado sobre a profissão e também conhecer o curso.
O importante é saber que a dúvida e a insegurança fazem parte do processo de escolha. Qualquer decisão é um ato humano e pode sofrer mudanças. Sempre é tempo de corrigir a rota e atingir a realização.

SOP – Serviço de Orientação Psicopedagógica Orientação Vocacional

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