
Nossa supervisora pedagógica, Suzane Matheus escreveu para a revista da SAS, na coluna Ponto de Vista.
Confira-o completo:
Ah! Tu, livro despretensioso, que, na sombra de uma prateleira, uma criança livremente descobriu, pelo o qual se encantou e, sem figurar, sem extravagâncias, esqueceu as horas, os companheiros, a merenda… tu, sim, és um livro infantil, e o teu prestígio será na verdade imortal.
(MEIRELES, 1979)
A Literatura Infantil se constitui num elemento que estimula e enriquece o processo de alfabetização, na medida em que favorece o contato da criança com a palavra escrita, provocadora de emoções.
“E então eles de casaram, tiveram uma filha linda como um raio de Sol e viveram felizes para sempre…” começar pelo fim ou começar pelo começo? Terminar começando ou terminar terminando? Tanto faz, quando o importante é poder viajar no mundo mágico e/ou real da Literatura Infantil, onde a emoção explode, suscitando grandes e maravilhosas descobertas a respeito do homem, do mundo e da vida.
O processo de alfabetização se dá, num sentido amplo, como desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo do domínio linguístico, através da prática constante da leitura.
Constata-se, por conseguinte, que a alfabetização não se caracteriza em uma única série, mais é o processo, constituído e ampliado durante toda a vida.
A Literatura Infantil se constitui num elemento que estimula e enriquece o processo de alfabetização, na medida em que favorece o contato da criança com a palavra escrita, provocadora de emoções.
“(…) – Vovó, ó, vovozinha, para que estes olhos?
– Para te enxergar, Chapeuzinho (…)
– E esta boca, vovó?
– Que saber, quer saber mesmo?
– É pra te engolir (…)”
O prazer vai se instalando e garantindo à medida que a narração fotografa, através do código gráfico, a letra formando palavras e as palavras retratando o acontecimento poético.
Portanto “o imaginário” sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes da Literatura Infantil. Dessa forma predomina o aspecto “arte” na Literatura, com tendência à emoção, discuto, discute-se a beleza da Literatura Infantil por compreendê-la importante e especial para todos: crianças, adultos, jovens, idosos, pois todos merecem viajar, viver a emoção expressa pelas palavras, transformadas em gestos imaginários.
Acredito que é impossível uma criança não ler mais de uma vez e até recomendar para outras crianças livros, como: “Bom dia todas as cores”, Ruth Rocha, “Maria-vou-com-as-outros”, Sylvia Orthof, “Lúcia-já-vou-indo”, de Maria Heloísa Penteases e tantos outros livros maravilhosos.
Haverá narrativas novas. Inspiradas muito de perto noutras que conhecemos. Haverá mais novas ainda, atuais e originais.
Destas, a criança escolherá as que vão perdurar; as que vão incorporar àquele tesouro que vem de longe; outras desaparecerão suavemente, depois de viverem seu precário momento, apesar de tantas cores, tantas ilustrações; às vezes tanta propaganda, e até da animadora venda de algumas edições.
Os livros que mais têm durado não dispunham de tamanho, recursos de atração. Neles era a história, realmente, que seduzia. Só nesses termos interessa falar de Literatura Infantil, o que constitui é o acervo de livros que de século em século e de terra as crianças têm descoberto, têm preferido, têm incorporado ao seu mundo, familiarizados com seus heróis, suas aventuras, até seus hábitos e sua linguagem, sua maneira de sonhar e suas glórias e derrotas.
“Era uma vez”… o elo se estabelece, o lúdico é a condição sine qua non contorno da beleza da história infantil .
Essa relação do livro e leitor proporcionada pela beleza da estrutura do texto é um convite irrecusável para um encontro eterno. Um pacto indissolúvel de serem felizes para sempre.
É preciso revisar o papel da literatura na escola e o que esta representa para a formação do sujeito. Quando sentimos que o que era apresentado aos nossos alunos como literatura eram textos fragmentados e estéreis, que não os estimulavam a aprender a ler, por não fazerem sentido nenhum para eles, já estamos dando um grande passo para possibilitar aos alunos o acesso a textos literários de qualidade.
As patas do lobo, o rifle dos caçadores, os doces da mamãe, o chapéu vermelho, a touca da vovó levaram-me floresta a fora. O “era uma vez” e “viveram felizes para sempre” possibilitaram uma viagem nas asas da imaginação, garantindo um bem estar e aproximando a criança da leitura.
Suzane Matheus
Supervisora do Colégio Integral Kids
Graduação em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
Pós-graduação e Formação do Professor Alfabetizador; Leitura e Escrita.
Especialização em Literatura Infantil e Educação Infantil.