Quando pensamos em um projeto de vida, no maior de nossos desejos, na realização de um sonho, facilmente nos imaginamos usufruindo a felicidade extrema em conquistá-lo. Isto acontece com a maioria de nós. É humana esta projeção. Alguns se alimentam e se motivam com ele. Outros, e em maioria, no decorrer do tempo, encontram justificativas para terem fugido aos seus projetos iniciais.
A “engenharia dos estudos” funciona como um grande projeto. É mais que conquistar a universidade, a liberdade financeira ou as coisas materiais por si só. Como numa obra de engenharia, há de se imaginar um anteprojeto, desenhar o projeto, avaliar o investimento pessoal e das pessoas que custearão seu projeto, o prazo de execução, reavaliação e conclusão. Nada disto é fácil sem que se tenha um empreendimento. “Uma pessoa feliz não é uma pessoa num conjunto de determinadas circunstâncias e sim uma pessoa com um conjunto de determinadas atitudes”.
(H. Downs)
Em um livro de Willliam Douglas, “Como passar em provas e concursos”(22ª edição, pp. 27, 28), li uma história inspiradora. A “História de um vigoroso lenhador que em um dia conseguiu derrubar 70 árvores, ao passo que o recorde era de 72 árvores. No dia seguinte, querendo entrar para a história, acordou um pouco mais cedo, trabalhou duro, mas cortou apenas 68 árvores. No dia imediato acordou ainda mais cedo, esforçou-se ainda mais, almoçou correndo e cortou apenas 60 árvores. Assim desgostoso e desolado, sentou-se à beira do refeitório. Um velho lenhador sem vigor físico, mas experiente, ficou com pena do jovem e, chegando ao seu lado, perguntou: _ Meu filho, quanto tempo você separou para afiar o machado?”
Com a tecnologia que nos traz respostas tão rápidas e à palma da mão, os “nativos digitais”, aqueles que já nasceram convivendo com as novas tecnologias, esperam por um mundo prontamente voltado ao atendimento de seus desejos e, com isto, subaproveitam seus cérebros. “O subaproveitamento é um vício da humanidade: subaproveitamos a vida, a natureza, os alimentos”.
(W. Douglas).
E esperam que nos estudos aconteça o mesmo. Uma geração que quer “ligar o GPS” e encontrar sua profissão ideal, obter seus sonhos como se houvesse um “fast food” de opções profissionais à sua espera. Uma geração que aguarda pela última oportunidade de lograr aprovação através da recuperação, que sabemos, pouco recupera. Jovens que, ao findar o ano fazem promessas de mudança que nunca acontecem. Acreditam que podem, a cada ano, esquecer o que aprenderam por achar que todo o aprendizado é passado e ficou para trás.
Precisamos rever nossas práticas. Que modelo buscam os jovens? Quem os inspira? O que os mobiliza? Muitas perguntas. Precisamos “afiar o machado” enquanto pais e enquanto escola. Precisamos transformar nossos jovens em engenheiros de suas vidas. Não se trata de “cortar mais árvores”, mas de cortá-las com eficácia. Não se trata de estudar mais, mas de estudar melhor. Para isso, é fundamental uma “parada” para refletir, aspirar, planejar e executar.
Boas obras a todos nós!
Eliane Mariath
Psicóloga e Coordenadora Discente do 9o ano, 1a e 2a séries