Diferentemente de outras gerações, percebe-se, na maioria dos jovens de agora, uma ausência de desejos e objetivos para o próprio futuro. Favorece como uma das causas deste problema o atual modus vivendi infantojuvenil, baseado na virtualização das relações humanas e na redução da presença dos pais na vida deles.
A virtualização das relações humanas gera, de imediato, uma vida fictícia e superficial. Você não é você, você é um personagem digital, um “avatar”! Envia mensagens de parabéns a todos os contatos do celular alertado pelo Facebook, já que, honestamente, tirando uns 4 ou 5 familiares mais próximos, ninguém se recorda da maioria dessas datas. Encontrar os aniversariantes pessoalmente para dar um abraço, bem, aí é querer demais! Emite opiniões, envia selfies ou imagens de outros, sem a menor preocupação sobre as consequências que poderão ocorrer. É uma confusão psicológica que substitui o ser humano da vida real por um ser imaginário virtual, tentando passar o que não é, mas que gostaria de ser.
Por outro lado, constata-se também que, na medida em que os filhos crescem, os pais reduzem suas atenções e preocupações para com eles. Nas reuniões de pais do Grupo 2 ao Grupo 5, por exemplo, temos quase 100% de presença. Do 1º ao 3º ano Fundamental, ficamos em torno de 90%. Nos 4º e 5º anos, atingimos 75%. A partir daí, a participação cai de 60%, no 6º ano Fundamental, até 20%, na 3ª série do Ensino Médio. Outro dado que reflete esta diminuição no acompanhamento da vida dos filhos refere-se ao número de crianças e adolescentes que não trazem seus deveres de casa. Iniciando também com 100% nas primeiras séries, este percentual cai para 50% nas séries finais do Ensino Médio.
Juntando as duas situações anteriormente expostas, chega-se a uma constatação irrefutável. A vida virtual superficial, aliada à ausência dos comandos e estímulos dos pais, gera indivíduos sem projeto de vida, sem vontade de lutar, sem interesse de fazer mais, sem ambição intelectual, acostumados à zona de conforto caseira e metas medíocres como expectativa de futuro.
Isto é inaceitável! Este texto faz, no final das contas, um apelo às crianças, aos jovens e aos pais.
Crianças, brinquem e conversem mais com outras crianças! Convidem seus amigos para compartilhar seus brinquedos e suas ideias. Ouçam seus pais e os amem, porque são os únicos que dariam a própria vida por vocês.
Jovens, saiam do seu quarto, sonhem e lutem por um projeto de vida que os façam felizes e dignos de terem recebido este dom divino que é viver! Conversem com seus colegas e amigos, mas ouçam seus pais! Os conselhos e ideias deles podem ser aproveitados sempre, ajustados ao seu projeto pessoal. “Mico”, na verdade, é ignorar a sabedoria dos que só querem o seu sucesso.
Pais, cobrem, cobrem, cobrem bastante dos seus filhos e cobrem sempre! Eles não nasceram somente para ser protegidos por vocês. Eles precisarão sobreviver sem vocês e precisarão competir, lutar e vencer, se forem competentes e não apenas amados.
Ah, se ainda assim sobrar algum tempinho, podem continuar a usar o smartphone ou o tablet, eles não são realmente as causas do problema, não é verdade?
Prof. Paulo Rocha
Diretor Pedagógico do Colégio Integral