Quando uma criança pequena apresenta uma resistência muito grande à entrada na escola, os pais ficam em dúvida se não é cedo demais para ela encarar um ambiente desconhecido e uma rotina mais rígida. A resposta é não. Na configuração atual das cidades ¾ em que o convívio com outras crianças, o tempo livre dos pais e as atividades ao ar livre estão cada dia mais restritos ¾, a educação infantil se tornou um direito dos pequenos. Entre 1, 2 e 3 anos, seu filho precisa de espaço para brincar com terra e areia, ouvir histórias, aprender a se expressar de diferentes maneiras e entrar em contato com a diversidade e os desafios de conviver com pessoas fora da família. Estar convencida desses benefícios é o primeiro passo para garantir uma boa adaptação. A criança percebe contradições. Por mais que você diga que a escola é legal, basta um olhar de pena quando ela chora porque não quer ir para acender o alerta: “Se é tão bom, por que essa cara?”
Em condições ideais, a criança leva de duas a três semanas para se adaptar e, no final das contas, são as atitudes adequadas dos pais que mais influenciam o sucesso da empreitada. Talvez você precise refazer os passos dados até aqui na adaptação de seu filho para descobrir o que pode ser melhorado ou mudado. A seguir, uma lista do que merece a atenção dos pais:
- Ao conhecer a escola, informe-se sobre o processo de adaptação e as atividades e converse com a criança. É importante nomear o que ela vai encontrar ali, inclusive a professora.
- Caso a criança pergunte se você ficará junto, explique que, no começo, sim, mas que logo ela estará fazendo tantas coisas interessantes que nem sentirá sua falta.
- Programe-se com o pai para que um dos dois sempre esteja disponível nos primeiros dias da adaptação.
- Leve um pouco da casa para a escola: o lanche predileto do pequeno, um brinquedo ou o paninho.
- Não force seu filho a se engajar nas atividades nem pergunte a toda hora se você já pode ir.
- Quando sair da escola, nunca deixe de se despedir do pequeno.
- Se seu filho a procurar, delicadamente remeta-o de volta à professora ou aos amiguinhos.
- Evite se isolar com ele num canto da sala.
- Não critique a escola em casa. Se desconfiar de algum problema, marque uma reunião com a coordenadora pedagógica.
- Estabeleça uma rotina. Nada pior para a criança do que a situação de aluno-turista. Nessa idade, previsibilidade é sinônimo de segurança, requisito fundamental para a boa adaptação na pré-escola e, mais tarde, em todos os campos da vida.
Texto extraído da Revista Cláudia (fevereiro/2007).
Autora: Isabel Khan Marin (Psicanalista, Terapeuta, Professora de Psicologia e Supervisora da área de infância da PUC-SP)