Pais não devem proteger os filhos das frustrações, mas ajudá-los a lidar com elas
Aprender a superar as decepções é um exercício para que as crianças se tornem adultos com mais maturidade e menos medos. Perder no jogo, tirar notas baixas na escola, não ter o brinquedo que quer. Sentir-se frustrado não é exclusividade dos adultos: a decepção faz parte da vida das crianças e tem papel importante no desenvolvimento delas. Embora nenhum pai queira ver seu filho triste ou sofrendo, é preciso ter em mente que ele vai passar por essas situações em diversos momentos da vida e que elas serão importantes para que a criança amadureça e se torne mais forte.
Aos pais, caberá estar ao lado dos filhos nessas horas, para prestar consolo e dar orientação. “Quem aprende a superar as frustrações na infância se torna um adulto que enfrenta desafios com menos receios e medos”.
As frustrações, por menores que sejam, e independentemente da idade da criança, constituem circunstância em que ela constrói parâmetros internos para lidar com situações de conflito, negação e perdas fundamentais para o desenvolvimento infantil e do crescer. Nessas situações, a criança aprende a ter condições emocionais de se equilibrar diante de um desconforto. Além disso, aprender a superar as decepções é um grande exercício de criatividade. “A cada situação de frustração, a criança consegue encontrar algo que a traga novamente ao equilíbrio. Ela encontra uma saída para lidar com o desconforto. Todo este movimento tem a ver com a criatividade”, completa.
Quando as crianças começam a ter frustrações?
A resposta é: desde o nascimento. Nos primeiros meses de vida, o bebê vive uma fase conhecida como fase egocêntrica, que se caracteriza por desejar que todas as suas vontades sejam atendidas imediatamente. “Quando a mãe não dá o seio imediatamente após o choro (seu desejo), ela já o está frustrando”, explica Maria Rocha, psicóloga e diretora pedagógica do Colégio Ápice.
Quando posso ajudar meu filho a evitar as decepções e quando não devo fazer isso?
Sigamos o seguinte raciocínio: se seu filho não estudar e não se preparar bem, provavelmente terá resultados decepcionantes na escola, certo? Nesse sentido, você pode ajudar, orientando para que ele se empenhe nos estudos e evite a situação da frustração. Mas há outros casos em que você não deve interferir como quando, por exemplo, vocês jogam uma partida de algum jogo. Não é porque ele é pequeno que você deve deixá-lo ganhar para que não fique triste. Também não deve dar tudo que ele quer na hora que ele quer: saber esperar é um aprendizado importante. Ressaltamos que os pais não devem ceder às manipulações dos filhos. “As crianças têm uma enorme capacidade de manipular os adultos e usam o que mais percebem que os incomoda: choro, recusa de alimentação, perda do fôlego, bater a cabeça etc”.
O que acontece com as crianças que não aprendem a superar as frustrações?
Os pais poderão atender ao desejo do filho sempre que quiserem, mas não poderão fazer isso para sempre. “Quando essa criança crescer e for inserida no contexto social, ela vai vivenciar situações de frustração que poderão gerar dificuldades emocionais”. E mais: crianças que não sabem lidar com suas decepções se tornam adultos que não conseguem perceber o outro. “Ela cresce pensando que o que vale é o que ela pensa e o que quer. Tem também dificuldade de se planejar e de desenhar projetos na vida pessoal ou profissional: como quer tudo do seu jeito e imediatamente, não consegue se organizar, ter metas e objetivos. Além disso, seus relacionamentos ficam mais restritos, pois não sabe como levar em conta o que as outras pessoas pensam e querem”.
Texto extraído e resumido de: Educar para Crescer – Abril
(CARVALHO, Adriana)

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