Com a chegada das redes sociais, aumentou assustadoramente o envio de comentários deselegantes, levianos, exagerados ou ofensivos contra outras pessoas. Basta abrir o WhatsApp, o Facebook, o Twitter para comprovar esse novo comportamento. Por que isso acontece e quais as consequências nos relacionamentos humanos, especialmente na comunicação entre a família e a escola?
Para o terapeuta e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Arnaldo Cheixas, há duas razões:
1) Razão Imediata: o Ambiente Virtual
Neste caso, as pessoas se sentem protegidas pela ausência do contato humano limitador e, por conta disso, acham que não haverá maiores consequências no que postam. Para a psicóloga Jillian Jordan, da Yale University, elas dizem coisas que não verbalizariam na vida real com medo de também sofrerem as punições que estão aplicando. A internet apenas amplifica as coisas, o que leva a uma reação muitas vezes desmedida. Como as leis vêm muito depois da evolução tecnológica ou das mudanças sociais, somente agora é que os tribunais de justiça começam limitar essas postura ao usar e-mails, vídeos e conversas nas redes sociais como provas para todo o tipo de processo.
Entretanto, apenas o ambiente virtual não é motivo suficiente para justificar essas atitudes, já que nem todas as pessoas enviam comentários rudes. Há pessoas que colocam seus argumentos de maneira firme sem serem indelicadas. Por que alguns indivíduos são agressivos ao se manifestar na internet e outros não?
2) Razão mais Profunda: o indivíduo em situação de angústia
Segundo o terapeuta Cheixas, vem da biologia que a agressividade jamais é manifestada por um indivíduo que está bem adaptado ao ambiente e com todas as suas necessidades supridas. A agressividade é fruto da raiva e ocorre como uma reação natural de defesa do indivíduo a algum tipo de desconforto ou ameaça. Desta forma, a agressividade pode ser desencadeada por situações complexas e subjetivas de sofrimento. Então não é qualquer pessoa que se expressa de forma agressiva na internet, só aquelas que não estão bem. Assim, as causas para a agressividade grosseira na internet podem ser baixa autoestima ou dificuldade em lidar com frustrações. Já a psicóloga Jordan complementa dizendo que, ao lançar esses tipos de comentários, as pessoas querem, na verdade, convencer os outros de que são confiáveis. Precisam chamar atenção sobre si mesmas para se sentirem valorizadas.
 
A relação família/escola não pode ser contaminada por esta agressividade
Seja qual for o motivo, esse modelo de comunicação agressivo é desagradável e, normalmente, as pessoas terminam por ignorar o emissor frequente desse tipo de comentários. As instituições de ensino, em geral, estão percebendo este mesmo fenômeno seja através de conversas enviadas pelo WhatsApp, seja por e-mails, seja também, mais recentemente pelos canais de comunicação disponibilizados via aplicativos. A questão é: a escola não é uma amiga virtual! A escola é uma instituição corresponsável, juntamente com os pais, pela educação e desenvolvimento de seus filhos, nossos alunos.
 
Use as redes sociais até o ponto em que a discussão deixe de ser pública e precise de uma atenção particular! Neste exato momento, o futuro do seu filho clama pelo bom senso dos pais ou responsáveis. Venha até o colégio! Olhe a coordenação ou a direção nos olhos! Divida o problema com quem é especialista e quer, tanto quanto você, o bem da criança ou do jovem. Se você matriculou o seu filho na instituição é porque você confia nela, senão peça a transferência imediatamente! Colégio e família são parceiros, porém parceiros nem sempre dizem o que se quer ouvir, mas o que se precisa entender!
A relação família/escola necessita, acima de tudo, de calor humano e isto você não vai conseguir via internet.
 
Prof. Paulo Rocha
Diretor Geral do Colégio Integral

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